O relato bíblico, único sobre os magos, encontra-se no evangelho escrito por S. Mateus (Cap. 2, 1-12).
Meditando, poderíamos assegurar que a fé tocou os corações daqueles três homens tidos como pagãos. Do contrário, como poderiam sair de suas longínquas terras e se colocarem a caminho do desconhecido?
Os magos não pertenciam ao povo eleito e escolhido de Israel, antes, eram pagãos. Creram simplesmente. Mão não somente creram por palavras, o gesto deles quando do encontro com o Menino Deus o atesta: “prostraram-se, o adoraram” (Mt 2,11).
Ninguém, em sã consciência, se prostra diante de uma pessoa qualquer muito menos se coloca numa atitude de adoração, somente diante de um ser divino, transcendente...
Hoje é fácil a gente acreditar nos relatos bíblicos, afinal já nascemos cristãos... mas para aqueles homens tudo era novo, inédito, diferente...
Mas o critério da fé não fica somente com os magos. Para Maria e José era muito estranho aquelas “visitas inesperadas”, pois na formação do povo de DEUS, ser mago era ser desprovido da graça do Criador... E são justamente tais pessoas que vêm visitar o Filho do Altíssimo??!!!
Nós, contemporâneos da primeira década do 3º milênio, precisamos nos colocar no lugar de ambos os lados. Os magos deviam se perguntar, lá no íntimo de cada um deles: “por que nós?”
Lá no íntimo de Maria e José: “Por que eles?” Na mentalidade do povo semita do qual pertenciam Maria e José, ser mago é ter parte com o poder do mal e que esse tipo de gente estava banida de alcançar a graça, a misericórdia e a salvação de DEUS. Quem exercia tal profissão tinha parte com o mundo demoníaco, devia ser desprezado, eram pessoas impuras, tidas como hiper-pecadores...
E, no entanto... são eles que ali estão diante da Sagrada Família...
Por que não vieram os sumo-sacerdotes, os sacerdotes ou algum digno representante legal do Templo? Afinal, não eram eles os únicos credenciados para representarem o Altíssimo?
Pois é... o fato é que são esses impuros, gente de má reputação, é que vem visitar o Filho de DEUS. Mais. Ofertam-lhe o melhor de seus tesouros... Tudo o que um impuro tocava, tornava-se também impuro, logo, os presentes eram impuros... E o casal, Maria e José, acolhem o que é ofertado a Jesus...
Eis a que ponto chega a FÉ: confiança total e plena na Palavra de DEUS. Se ele havia conduzido os magos até ali era porque tinha um grande “PORQUÊ”, porque esse que eles, Maria e José e os magos, não conseguiam entender, mas que acolhiam em seus corações porque vinha do próprio DEUS.
É que DEUS não faz acepção de pessoas, pois gente do povo escolhido ou pagã, todos são seus filhos muito amados...
Assim, a gente acaba entendendo aquilo que São Lucas em seu Evangelho nos diz: “E Maria guardava todas estas coisas, conferindo-as em seu coração” (Lc 2,19).
DEUS não fazia nem faz acepção de ninguém, a salvação é um dom oferecido a todos igualmente, afinal ele não veio salvar o que estava perdido??? Por onde ele começou? Pelos magos e pelos pastores, gente considerada da pior espécie para a época...
Coração e não no intelecto... Coração e não no racional... Coração e não na lógica humana... Esse nosso DEUS é demais!!!!!!!!!!!!!!
A fé é um acolher de DEUS sem distinção para além das nossas convenções, nosos critérios, nossa formação, nossa mentalidade, nosso credo religioso...
Neste dia dos magos, pensemos nisso com imenso carinho e deixemos que a fé pura e genuína alargue nossos horizontes... que a fé que professamos não seja excludente e passa a incluir... O DEUS em que cremos é o da inclusão pelo dado da fé...
Isso é sabedoria que se aprende sob a ótica de um coração e uma mente que compreende que somente uma vida voltada para o transcendente é capaz de humanizar o divino e divinizar o humano.
Foram esses os propósitos de JESUS. E os nossos, quais são?
“A FÉ é uma força invencível e quem crê tudo pode na força daquele que é SENHOR de tudo” (Fr. Neylor J. Tonin).
“Ora, a FÉ é o fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que não se veem” (Paulo aos Hebreus – Hb 11,1).