Santa Teresinha, os Sacerdotes e a Eucarístia

Santa Teresinha, os Sacerdotes e a Eucaristia


Depois de sua viagem à Itália (1887), na qual conviveu com muitos sacerdotes, Teresinha tem mais um motivo para sua oração: o de rezar por todos os sacerdotes (M A 69v), a fim de reparar suas indelicadezas e para que fossem santos. Na oração 4 – Homenagem à SS. Trindade –, pede pelos sacerdotes e religiosos:

“...o perfume das flores será recolhido por vossas filhas, que com isso querem reparar todas as indelicadezas das almas sacerdotais e religiosas, que vos fazem sofrer.”

Teresa de Lisieux tem uma elevada concepção do mistério do sacerdote. No Recreio Piedoso Os anjos no Presépio de Jesus, composto por ela para o Natal de 1894, põe nos lábios do Anjo da Eucaristia seu desejo pelos sacerdotes e de consolar Jesus, com estas palavras:

“Pão vivo descido dos Céus! Cacho dourado que fará germinar as virgens, digna-te fazer-me ouvir o som suave da tua voz, a mim que, até o fim dos séculos, te adorarei no santuário. Ó Verbo divino que o amor deve forçar ao silêncio, será preciso que os ministros dos teus altares te toquem com a mesma delicadeza que Maria quando te envolvia com o cueiro… Mas, ai! Muitas vezes o teu amor será ignorado e teus sacerdotes não serão dignos de sua sublime missão… Ó Deus oculto, diga: que posso fazer para te consolar?”

Em seu amor ardente por Jesus, a ele quer se unir e torná-lo amado. Sentia em si o desejo da vocação ao sacerdócio para tocar Jesus com suas mãos e pregar o evangelho (MB 3v). Não podendo realizar seu desejo, descobre sua vocação ao amor, pois no amor se encerram todas as vocações. Pede, assim, na poesia Viver de amor pelos sacerdotes e pela Igreja:


“Viver de Amor, ó meu Divino Mestre,
É pedir-Te que acendas teus Fogos
Na alma santa e consagrada de teu Padre.
Que ele seja mais puro que um Serafim dos céus!…
Tua Igreja imortal, ó Jesus, glorifica
Sem fechar Teu ouvido a meus suspiros;
Por ela tua filha aqui se sacrifica,
Vivo de Amor!”

Associa-se também à missão dos sacerdotes e missionários, pela oração e pelo sacrifício escondido no Carmelo, como o faz na poesia As Sacristãs do Carmelo:


“Seu amor nos escolheu,
Ele é nosso Esposo e amigo
E nós também somos hóstias
Que Ele em Si quer transformar.
Sublime missão do Padre,
Agora és nossa também;
Transformadas pelo Mestre,
Por Ele somos guiadas.
Ajudemos Missionários
Pelas preces, pelo amor;
Suas batalhas são nossas
E nossas lutas são deles.”


Desta forma, solidária com os sacerdotes, Teresinha une-se a eles em sua missão. Ela, já próxima de sua morte, escreve ao Pe. Roulland (14 de julho de 1897) que deseja estar na Pátria celeste para amar Jesus e continuar a ajudar os sacerdotes a atrair mais pessoas para Jesus:

“Não pretendo ficar inativa no Céu, meu desejo é continuar trabalhando para a Igreja e as almas. Peço isto a Deus e tenho certeza que Ele atenderá meu pedido....
Meu irmão, estais vendo que se deixo o campo de batalha, não é com o desejo egoísta de descansar. ...
O que me atrai para a Pátria dos Céus, é o apelo do Senhor, a esperança de amá-lo, enfim, como sempre desejei. O pensamento de que o poderei fazer amar por uma multidão de almas que bendirão o seu nome eternamente.”


Que S. Teresinha, neste Ano Sacerdotal conceda-nos do Senhor a graça de amá-Lo mais, à sua Igreja e a todo o povo de Deus. Que a seu exemplo, tenhamos em alta conta a graça do sacerdócio como serviço compassivo.


Fr. Alzinir F. Debastiani ocd

S. Paulo, 30 de setembro de 2009.