O 47º dia mundial de oração pelas vocações, que será celebrado no IV domingo de páscoa, Domingo do bom Pastor, a 25 de Abril de 2010. O Santo Padre Papa Bento XVI, faz uma reflexão muito pertinente para este ano sacerdotal, que está a chegar ao fim. As vocações estão diretamente dependentes, da vida, do testemunho e da dedicação do sacerdote.
O Santo Padre aponta três aspectos importantes a ter em conta: 1º Aspecto “ O elemento fundamental e comprovado de toda a vocação ao sacerdócio e à vida consagrada á amizade com Cristo. Jesus vivia em constante união com o Pai, e isto suscitava nos discípulos o desejo de viverem a mesma experiência, aprendendo dele a comunhão e o diálogo incessante co Deus.
Se o sacerdote é “homem de Deus”, que pertence a Deus e ajuda a conhecê-lo e a amá-lo, não pode deixar de cultivar uma profunda intimidade com Ele e permanecer no seu amor, reservando tempo para a escuta da sua Palavra.
A oração é o primeiro testemunho que suscita vocações. Tal como o apóstolo André comunica ao irmão que conheceu o Mestre, assim também quem quiser ser discípulo e testemunha de Cristo deve tê-lo “visto” pessoalmente, deve tê-lo conhecido, deve ter aprendido a amá-lo e a permanecer com Ele.”
2º Aspecto: “ A consagração sacerdotal e da vida religiosa é o dom total de si mesmo a Deus. Escreve o apóstolo João: ‘Nisto conhecemos o amor: Jesus deu a vida por nós, e nós devemos dar a vida pelos nossos irmãos’ (1 Jo 3,16). Com estas palavras, os discípulos são convidados a entrarem na mesma lógica de Jesus que, ao longo de toda a sua vida, cumpriu a vontade do Pai até a entrega suprema de Si mesmo na cruz.
Manifesta-se aqui a misericórdia de Deus em toda a sua plenitude; amor misericordioso que derrotou as trevas do mal, do pecado e da morte. A figura de Jesus, que na Última Ceia, se levanta da mesa, depõe o manto, pega numa toalha, ata-a à cintura e se inclina a lavar os pés aos Apóstolos, exprime o sentido de serviço e doação que caracterizou toda a sua vida, por obediência à vontade do Pai (Jo13,3-15).
No seguimento de Jesus, cada pessoa chamada a uma vida de especial consagração, deve esforçar-se por testemunhar o dom total de si mesma a Deus. Daqui brota a capacidade para se dar depois aqueles que a Providência lhe confia no ministério pastoral, com dedicação plena, contínua e fiel, e com a alegria de fazer-se companheiro de viagem de muitos irmãos, a fim de que se abram ao encontro com Cristo e a sua Palavra se torne luz para o seu caminho.
A história de cada vocação cruza-se quase sempre com o testemunho de um sacerdote que vive jubilosamente a doação de si mesmo, aos irmãos por amor do reino dos Céus. É que a presença e a palavra de um padre são capazes de despertar interrogações e de conduzir mesmo a decisões definitivas.
O 3º aspecto: “ o que caracteriza o sacerdote e a pessoa consagrada, é viver a comunhão. Jesus indicou, como sinal distintivo de quem deseja ser seu discípulo, a profunda comunhão no amor: ‘É por isso que todos saberão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros’ (Jo 13,35). De modo particular, o sacerdote deve ser um homem de comunhão, aberto a todos, capaz de fazer caminhar unido todo rebanho que a bondade do Senhor lhe confiou, ajudando a superar divisões, sanar lacerações, aplanar contrastes e incompreensões,perdoar as ofensas.
Em Julho de 2005, 'no encontro com o Clero de Aosta, afirmei que os jovens, se virem os sacerdotes isolados e tristes, com certeza não se sentirão encorajados a seguir o seu exemplo. Levados a considerar que tal possa ser o futuro de um padre, vêm aumentar a sua hesitação. Torna-se importante, pois, realizar a comunhão de vida, que lhes mostre a beleza de ser sacerdote. Então, o jovem dirá: ‘Isto pode ser um futuro também para mim, assim pode-se viver’ (Insegnmenti, vol. I/2005,354).
O Concílio Vaticano II, referindo-se ao testemunho capaz de suscitar vocações, destaca o exemplo de caridade e de fraterna cooperação que devem oferecer os sacerdotes. O Santo Padre chama atenção aos presbíteros dizendo que: “Cada presbítero, cada consagrado (a) transmite a alegria de servir Cristo, e convida todos os cristãos a responderem à vocação universal à santidade. Assim para, se promoverem às vocações específicas ao ministério sacerdotal e à vida consagrada, para se tornar mais forte e incisivo o anúncio vocacional, é indispensável o exemplo daqueles que já disseram o próprio sim a Deus e ao projeto de vida que Ele tem para cada um. O testemunho pessoal, feito de opções existenciais e concretas, há de encorajar, por sua vez, os jovens a tomarem decisões empenhativas que envolvem o próprio futuro...”
No fim, apela aos jovens com as seguintes palavras: “ Que este Dia Mundial possa oferecer, uma vez mais, preciosa ocasião para muitos jovens refletirem sobre a própria vocação, abrindo-se a ela com simplicidade, confiança e plena disponibilidade. A Virgem Maria, Mãe da Igreja, guarde o mais pequenino gemem de vocação no coração daqueles que o Senhor chama a segui-lo mais de perto; faça com que se torne uma árvore frondosa, carregada de frutos para o bem da Igreja e de toda a humanidade”.
Fonte: Revista de Formação e Informação Cristã VIDA NOVA - Ano 50º nº 4 Abril 2010