“Ressuscitar é romper o próprio túmulo. Foi o que Jesus fez. Afinal, aquele que "passou pela vida fazendo o bem" não podia permanecer prisioneiro da morte. Ele rompe o túmulo, afasta a pedra que impedia a manifestação da vida. É o que somos convidados a fazer: sair do ‘túmulo’. Mas o que é túmulo em minha vida? O que é, em mim, sinal de morte? Rancor? Angústia? Medo? Alienação? Indiferença? Consumismo? Insegurança? Solidão?
Cobrimo-nos de pedras e rodeamos nosso coração de muros.
Jesus afastou as pedras e derrubou o muro. Superou a imensa solidão da morte e desfez todo e qualquer isolamento. Rompeu as trevas e inundou o próprio túmulo com a luz da vida. Um corpo, antes destroçado e dilacerado, surge glorioso de um túmulo de morte.
Em Jesus, o túmulo é ‘passagem’. Ele passa pelo túmulo. Nós também. O Senhor passa pelo túmulo e liberta a humanidade do fantasma da morte. Para os que creem em Jesus, a morte não é mais o fim definitivo e terrível, a ausência completa, a saudade sem remédio, a ruptura sem esperança, o desespero total. Em Jesus, a vida não é tirada, mas transformada.
Construir Páscoa é não se conformar e ressuscitar todos os dias.
É não ignorar, fugir e se alienar dos problemas do cotidiano. Ao invés de fechar-se, Páscoa é comunicar-se. É buscar a Deus que está em tudo e em todos. Tudo está envolvido em Deus. Seu olhar de amor marca toda a obra da Criação. Em tudo há um sentido, um brilho e uma semente de eternidade.
Ressuscitar é experimentar, acolher e viver a presença de Deus no cotidiano. Viver a ressurreição de Jesus hoje é deixar-se expandir e transbordar tudo o que é vida dentro de nós.
Onde há rancor, tecer o perdão.
Onde há angústia, construir serenidade.
Onde há medo, fazer brotar a coragem.
Onde ha alienação, fazer crescer a consciência.
Onde há indiferença, fazer brilhar a sensibilidade.
Onde há consumismo, fazer nascer a simplicidade.
Onde há insegurança, afirmar nossas poucas e preciosas certezas.
Onde há solidão, fazer acontecer a solidariedade.
Assim, contaminar de luz as trevas que criamos e que sufocam a
alegria plantada em nós desde sempre.
Nascemos para a felicidade. Para ela fomos criados. O nosso Deus revela-se um poeta inspirado ao criar o Universo e Pai amoroso ao colocar nele o homem. Ele envia seu Filho a nós, para que a sua alegria habite o nosso coração e, assim, a nossa alegria se faça completa. É preciso sair do próprio túmulo. Ir removendo uma a uma as pedras que foram soterrando a vida que vive em nós. Deixar que a luz ilumine e dê brilho aos cantinhos mais obscuros e empoeirados da nossa historia pessoal e social. Superar nossos medos, reconstruir nossos laços com a esperança.
Minha Páscoa, nossa Páscoa não pode ser reduzida a um ‘ovo de chocolate’ (ainda por cima, oco!). Ela se realiza quando o túmulo fica no passado, esquecido e abandonado. Quando o túmulo fica em minha história como o casulo fica na história de uma borboleta: uma fase, um tempo duro e difícil que passou, foi vencido e superado.
Rompida a casca, a terra, a pedra, temos diante de nós os desafios da vida.
Páscoa é construir caminhando e caminhar construindo”. (autoria é atribuída a Eduardo Machado)
“DEUS é o único Senhor da Vida. A vida e a morte do ser humano estão nas mãos de DEUS” ( Beato João Paulo II).
“CRISTO derrubou o muro de separação, reconciliou os seres humanos com DEUS e entre si, destruindo a inimizade” (Raniero Cantalamessa).
“A salvação e a morte não podem olhar nos olhos uma da outra” (Berthe Morisot).
“PORQUE DEUS AMOU AO MUNDO DE TAL MANEIRA QUE DEU O SEU FILHO UNIGÊNITO, PARA QUE TODO O QUE NELE CRÊ NÃO PEREÇA, MAS TENHA A VIDA ETERNA” ( João 3.16).(Jadecir Rodrigues Coelho. Curitiba, 10.04.12)