Capulanas um objeto próprio de cada mulher que as acompanha ao longo de toda a vida.
De Norte a Sul de Moçambique não há mulher que não use a capulana. Usa-a para se vestir, para limpar e embrulhar as crianças, para as amarrar às costas, usa-a como toalha e como cortina. Ou na mudança de casa e em viagem, como embrulho da trouxa.
A Capulana não é para uso exclusivo das camponesas, como se possa pensar. As mulheres das cidades, que em geral se vestem à maneira ocidental, usam-na invariavelmente como traje de trazer por casa ou em certas cerimônias familiares.
Muitas línguas moçambicanas têm um nome próprio para este retângulo de tecido; como exemplo: Ekuno em língua Macua, Foya em Sena. Mas capulana é o nome mais usado, desde o Norte a Sul, de Leste a Oeste em Moçambique.
Na África ocidental, onde se fala swahili, diz-se que este modo de vestir surgiu em meados do século XIX, quando as mulheres começaram a comprar lenços (em swahili diz-se leso) de tecido de algodão estampado e colorido, trazidos para os mercados portugueses do Oriente para Mombaça.
Em vez de comprar um a um, mandavam cortar seis quadrados duma vez, dividiam este pano ao meio e coziam o lado mais cumprido fazendo uma capulana de 3 por 2 lenços. Depois, era só envolver o corpo, amarrar com mais ou menos estilo e a moda impunha-se à medida que cada vez mais mulheres faziam o mesmo.
Claro que os comerciantes não tardaram em encomendar aos fabricantes, na Índia ou noutros lugares da Ásia, não apenas lenços mas panos com a largura e o cumprimento que as mulheres pretendiam. Nos nossos dias os motivos são cada vez mais ao gosto africano, procurando os diligentes comerciantes asiáticos ir ao encontro dos gostos e preferências das suas clientes!
Guardadas nos baús, as capulanas são símbolos de riqueza que uma mulher possui. Foram-lhe oferecidas pelo homem que as cortejou, o marido que as amou, o filho quando regressou duma viagem, o genro que lhe quer a filha. A dona não as usa, guarda-as, defende-as. Só uma ocasião muito especial as fará sair à luz do dia!
A capulana é documento histórico. Acontecimentos passados, contemporâneos da chegada de uma nova capulana às lojas, dão o nome a essa capulana.
Tavez evoque uma grande epidemia que vitimou a região, um ciclone, um dirigente político durante a campanha eleitoral, ou fale das propriedades nutricionais da batata doce ou da luta contra a SIDA, AIDS e muito mais.
Cada capulana fala desse acontecimento social, históricos ou didático. A avó certamente não tem toda a história passada no seu baú, mas tem capulanas bastantes para relembrar à neta coisas antigas de que elas são os "documentos".
Enfim, sem desmerecer a graça e o estilo com que as moçambicanas do Sul sabem amarrar a capulana à cintura, é preciso ir ao Norte, a Nampula, Nacala, Pemba ou Ilha de Moçambique para ver a arte e a fantasia de traje com base a capulana.
As mulheres, aqui, usam várias capulana sobrepostas e lenços ou outras capulanas na cabeça, artisticamente armados em toucado, com cores e padrões perfeitamente combinados. Capulana é festa, capulana é vida!
Revista Vida Nova - A Revista de Formação e informação Cristã. Red. Maria de Lurdes Tocato/ Paola Rolleta